Conselheiro Ferrari faz palestra na Universidade Europeia de Lisboa
Conselheiro Ferrari faz palestra na Universidade Europeia de Lisboa
O tema foi a primeira infância como prioridade constitucional
- person Alexandre Alfaix de Assis
- schedule 20/01/2023
- Atualizado em 24/01/2023
O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) Edson Ferrari proferiu palestra hoje (20/jan) na Universidade Europeia de Lisboa, onde se realiza o Encontro Jurídico Luso-Brasileiro - As Cortes de Contas e a Cidadania. O tema abordado pelo conselheiro goiano, que também é presidente do Comitê Técnico da Primeira Infância do Instituto Rui Barbosa foi “A Primeira Infância como prioridade constitucional”. Ainda em Portugal, em Funchal, Ilha da Madeira, o conselheiro falará sobre o mesmo tema, tendo como foco a atuação dos tribunais de contas, durante o 19º Encontro Internacional de Juristas.
Sua primeira menção sobre o espectro jurídico ligado à proteção da infância foi a Convenção sobre os Direitos da Criança, adotada pela Organização das Nações Unidas em 1989, ratificada por 196 países e tido como o tratado com a maior aceitação em todo o planeta. “De fato, a Convenção sobre os Direitos da Criança contempla os princípios proclamados na Carta das Nações Unidas: liberdade, justiça e paz no mundo, fundamentadas no reconhecimento da dignidade inerente e dos direitos iguais e inalienáveis de todos os membros da família humana. A Declaração Universal dos Direitos Humanos menciona expressamente que “a infância tem direito a cuidados e assistência especiais”. O documento reconhece a família como grupo fundamental da sociedade e ambiente natural para o crescimento e o bem-estar de seus membros, em particular, das crianças”.
Ferrari mencionou em seguida que, “em todos os países do mundo existem crianças vivendo em condições excepcionalmente difíceis, e que essas crianças precisam de consideração especial. Como estamos aqui, nesse encontro científico, de algum modo a buscar, com a troca de ideias e relatos de boas práticas em matéria de políticas públicas para a criança, sobretudo para a primeira infância”.
O palestrante acrescentou que arcabouço jurídico não falta aos países, porém “a questão é de natureza prática, é o fazer, é dar concretude à lei. É assegurar o direito das crianças. Em meu país há uma expressão da sabedoria popular muito conhecida e usada sobre isso: o que falta é pegar na massa! Ou seja, agir, trabalhar, usar essa massa legal para assentar os tijolos de um edifício onde a criança possa ser abrigada e receber os cuidados a que tem direito”.
Discorrendo resumidamente sobre a legislação brasileira que trata do assunto, a partir da Constituição Federal, em seu artigo 227, o conselheiro Ferrari citou ainda a Lei n° 13.257/2016, que estabeleceu o Marco Legal, regulamentando a prioridade absoluta determinada pela Constituição e dispondo sobre as políticas públicas para a primeira infância. “Ele introduziu alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente, em disposições do Código de Processo Penal e na Consolidação das Leis do Trabalho, no que é pertinente à proteção da infância. Interessante observar que, para efeito desse marco considera-se primeira infância o período que abrange os primeiros seis anos completos ou 72 meses de vida da criança”’.
Outro ponto destacado foi a criação, em 2019, pelo Conselho Nacional de Justiça, do Pacto Nacional pela Primeira Infância, destinado a reunir atores das esferas pública e privada, organismos internacionais e representantes do terceiro setor com foco na prioridade à proteção da criança até seis anos de idade, bem como a criação, no Instituto Rui Barbosa, órgão de conhecimento dos tribunais de contas, do Comitê Técnico do Pacto Nacional pela Primeira Infância, cujo principal objetivo é sensibilizar os órgãos a se engajarem ao Pacto e, em suas esferas de atuação, desenvolver ações para atrair outros atores à causa da primeira infância.
Edson Ferrari frisou que são justamente os pequeninos em situação de penúria o grande desafio da atualidade, pois “as cifras, que já eram assustadoras nos últimos anos, agravaram-se mais ainda em todo o mundo em decorrência da pandemia da Covid 19 e suas nefastas consequências, como 10 milhões de mortes de crianças”.
O conselheiro falou sobre os estudos da neurociência e dos impactos da fome e da falta de cuidados sobre a primeira infância, citando autores como John Shonkoff e os brasileiros Josué de Castro e Maria Beatriz Linhares, a demonstrar que os seis primeiros anos da existência humana são importantes porque o que ocorre na primeira infância faz diferença por toda a vida. Discorreu sobre os trabalhos do Unicef sobre a fome em vários continentes, sobretudo no Chifre da África e no Sahel, mas afetando também parcelas dos habitantes até das nações mais desenvolvidas. “Um potencial barril de pólvora, é como o Unicef tratou o problema”.
Com críticas ao liberalismo, cuja adoção resultou em aumento da desigualdade social em diferentes partes do mundo, o conselheiro Ferrari lembrou que a Organização das Nações Unidas estimou em 149 milhões as crianças com problemas de crescimento durante a pandemia; cerca de 25 milhões delas deixaram de ser vacinadas; 80 por cento das crianças em 104 países e territórios tiveram perdas no aprendizado em decorrência do fechamento das escolas e a desnutrição aguda afligiu 45 milhões de menores.
A atuação dos tribunais de contas e instituições de controle vem contribuindo com a ruptura desse círculo de desigualdade através da prioridade que tem imprimido à avaliação das políticas públicas destinadas à primeira infância. É a faceta pedagógica, preventiva e colaborativa também atribuída dentre as competências do controle externo, disse o conselheiro. E citou como expoente dessa linha, no Brasil, o conselheiro Sebastião Helvécio, integrante da Rede Internacional de Avaliação de Políticas Públicas e consultor do Tribunal de Contas da União, para quem, essa é a maior contribuição que tais instituições podem dar ao fortalecimento da democracia. E concluiu que, “conjugando as avaliações com uma atuação mais concomitante, os órgãos de controle externo podem induzir a um planejamento das ações em favor da primeira infância com mais efetividade; contribuir para a redução da desigualdade e da fome; além de coibir desperdícios e a corrupção, que vampirizam recursos orçamentários, cada vez mais escassos, sobretudo nos países mais afetados pela crise global”.
Na foto, o conselheiro Edson Ferrari com o coordenador científico do seminário, professor Eduardo Vera-Cruz
Texto: Antônio Gomes
Atendimento à imprensa
Diretoria de Comunicação
Tel: (62) 3228-2697 / 3228-2699
E-mail: imprensa@tce.go.gov.br
Atendimento ao cidadão
Ouvidoria
Tel: (62) 3228-2814 / 3228-2894
E-mail: ouvidoria@tce.go.gov.br
![]() |
| Conselheiro Ferrari faz palestra na Universidade Europeia de Lisboa |
| O tema foi a primeira infância como prioridade constitucional |
| Por $nomeUsuarioPubli |
| 24/01/2023 |
O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) Edson Ferrari proferiu palestra hoje (20/jan) na Universidade Europeia de Lisboa, onde se realiza o Encontro Jurídico Luso-Brasileiro - As Cortes de Contas e a Cidadania. O tema abordado pelo conselheiro goiano, que também é presidente do Comitê Técnico da Primeira Infância do Instituto Rui Barbosa foi “A Primeira Infância como prioridade constitucional”. Ainda em Portugal, em Funchal, Ilha da Madeira, o conselheiro falará sobre o mesmo tema, tendo como foco a atuação dos tribunais de contas, durante o 19º Encontro Internacional de Juristas. Sua primeira menção sobre o espectro jurídico ligado à proteção da infância foi a Convenção sobre os Direitos da Criança, adotada pela Organização das Nações Unidas em 1989, ratificada por 196 países e tido como o tratado com a maior aceitação em todo o planeta. “De fato, a Convenção sobre os Direitos da Criança contempla os princípios proclamados na Carta das Nações Unidas: liberdade, justiça e paz no mundo, fundamentadas no reconhecimento da dignidade inerente e dos direitos iguais e inalienáveis de todos os membros da família humana. A Declaração Universal dos Direitos Humanos menciona expressamente que “a infância tem direito a cuidados e assistência especiais”. O documento reconhece a família como grupo fundamental da sociedade e ambiente natural para o crescimento e o bem-estar de seus membros, em particular, das crianças”. Ferrari mencionou em seguida que, “em todos os países do mundo existem crianças vivendo em condições excepcionalmente difíceis, e que essas crianças precisam de consideração especial. Como estamos aqui, nesse encontro científico, de algum modo a buscar, com a troca de ideias e relatos de boas práticas em matéria de políticas públicas para a criança, sobretudo para a primeira infância”. O palestrante acrescentou que arcabouço jurídico não falta aos países, porém “a questão é de natureza prática, é o fazer, é dar concretude à lei. É assegurar o direito das crianças. Em meu país há uma expressão da sabedoria popular muito conhecida e usada sobre isso: o que falta é pegar na massa! Ou seja, agir, trabalhar, usar essa massa legal para assentar os tijolos de um edifício onde a criança possa ser abrigada e receber os cuidados a que tem direito”. Discorrendo resumidamente sobre a legislação brasileira que trata do assunto, a partir da Constituição Federal, em seu artigo 227, o conselheiro Ferrari citou ainda a Lei n° 13.257/2016, que estabeleceu o Marco Legal, regulamentando a prioridade absoluta determinada pela Constituição e dispondo sobre as políticas públicas para a primeira infância. “Ele introduziu alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente, em disposições do Código de Processo Penal e na Consolidação das Leis do Trabalho, no que é pertinente à proteção da infância. Interessante observar que, para efeito desse marco considera-se primeira infância o período que abrange os primeiros seis anos completos ou 72 meses de vida da criança”’. Outro ponto destacado foi a criação, em 2019, pelo Conselho Nacional de Justiça, do Pacto Nacional pela Primeira Infância, destinado a reunir atores das esferas pública e privada, organismos internacionais e representantes do terceiro setor com foco na prioridade à proteção da criança até seis anos de idade, bem como a criação, no Instituto Rui Barbosa, órgão de conhecimento dos tribunais de contas, do Comitê Técnico do Pacto Nacional pela Primeira Infância, cujo principal objetivo é sensibilizar os órgãos a se engajarem ao Pacto e, em suas esferas de atuação, desenvolver ações para atrair outros atores à causa da primeira infância. Edson Ferrari frisou que são justamente os pequeninos em situação de penúria o grande desafio da atualidade, pois “as cifras, que já eram assustadoras nos últimos anos, agravaram-se mais ainda em todo o mundo em decorrência da pandemia da Covid 19 e suas nefastas consequências, como 10 milhões de mortes de crianças”. O conselheiro falou sobre os estudos da neurociência e dos impactos da fome e da falta de cuidados sobre a primeira infância, citando autores como John Shonkoff e os brasileiros Josué de Castro e Maria Beatriz Linhares, a demonstrar que os seis primeiros anos da existência humana são importantes porque o que ocorre na primeira infância faz diferença por toda a vida. Discorreu sobre os trabalhos do Unicef sobre a fome em vários continentes, sobretudo no Chifre da África e no Sahel, mas afetando também parcelas dos habitantes até das nações mais desenvolvidas. “Um potencial barril de pólvora, é como o Unicef tratou o problema”. Com críticas ao liberalismo, cuja adoção resultou em aumento da desigualdade social em diferentes partes do mundo, o conselheiro Ferrari lembrou que a Organização das Nações Unidas estimou em 149 milhões as crianças com problemas de crescimento durante a pandemia; cerca de 25 milhões delas deixaram de ser vacinadas; 80 por cento das crianças em 104 países e territórios tiveram perdas no aprendizado em decorrência do fechamento das escolas e a desnutrição aguda afligiu 45 milhões de menores. A atuação dos tribunais de contas e instituições de controle vem contribuindo com a ruptura desse círculo de desigualdade através da prioridade que tem imprimido à avaliação das políticas públicas destinadas à primeira infância. É a faceta pedagógica, preventiva e colaborativa também atribuída dentre as competências do controle externo, disse o conselheiro. E citou como expoente dessa linha, no Brasil, o conselheiro Sebastião Helvécio, integrante da Rede Internacional de Avaliação de Políticas Públicas e consultor do Tribunal de Contas da União, para quem, essa é a maior contribuição que tais instituições podem dar ao fortalecimento da democracia. E concluiu que, “conjugando as avaliações com uma atuação mais concomitante, os órgãos de controle externo podem induzir a um planejamento das ações em favor da primeira infância com mais efetividade; contribuir para a redução da desigualdade e da fome; além de coibir desperdícios e a corrupção, que vampirizam recursos orçamentários, cada vez mais escassos, sobretudo nos países mais afetados pela crise global”. Na foto, o conselheiro Edson Ferrari com o coordenador científico do seminário, professor Eduardo Vera-Cruz Texto: Antônio Gomes |
|
Atendimento à imprensa Diretoria de Comunicação Tel: (62) 3228-2697 / 3228-2699 E-mail: imprensa@tce.go.gov.br - |
|
Atendimento ao cidadão Ouvidoria Tel: (62) 3228-2814 / 3228-2894 E-mail: ouvidoria@tce.go.gov.br - |
NOTÍCIAS RELACIONADAS
10 set 2025 17:22:21 calendar_today
person Gabriella Nunes De Gouvêa
Auditoria externa no TCE-GO é encerrada com cinco recertificações ISO
TCE-GO é a única instituição no Brasil com mais de quatro certificações em séries diferentes
10 set 2025 16:51:25 calendar_today
person Sabryna Moreno Da Silva
Encontro debate novas funções dos tribunais de contas
Conversa foi conduzida por membros do TCE-GO e do TCM-GO
09 set 2025 14:38:34 calendar_today
person Sabryna Moreno Da Silva
Aberta a chamada de artigos para o IV Congresso Ambiental dos Tribunais de Contas
Evento gratuito será em outubro, em Boa Vista (RR), com foco no papel do setor público e dos Tribunais de Contas para sustentabilidade
08 set 2025 16:43:56 calendar_today
person Gabriella Nunes De Gouvêa
TCE-GO participa de debate sobre agenda climática em Goiás
Mesa de discussão reuniu representantes de sete instituições. Congresso teve início nesta segunda-feira
