Mortalidade Materna

Morte materna é a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação, independente da duração da gravidez. É causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela.

A mortalidade materna se mede em número de óbitos maternos para cada 100.000 crianças nascidas vivas (nv) e é inaceitavelmente alta e preocupante no mundo e no Brasil. Cerca de 800 mulheres morrem todos os dias, ou ainda 300 mil por ano (2017), em decorrência da gravidez, parto ou pós-parto no mundo.

A mortalidade materna no Brasil passou de 55,3 óbitos maternos para cada 100.000nv em 2019, para 72 para cada 100.000nv em 2020, assustadores 110,3 para cada 100.000nv em 2021 e voltou ao patamar de 53,5 para cada 100.000nv em 2022. Há uma grande correlação entre a COVID 19 e o aumento dessa taxa no Brasil, principalmente para os anos de 2020 e 2021.

Taxas elevadas de mortalidade materna estão associadas à insuficiente prestação de serviços de saúde a esse grupo, desde o planejamento sexual e reprodutivo à assistência pré-natal, ao parto e ao puerpério.

O Brasil é a 9ª economia do mundo, passível, então, de uma comparação com a Europa, já que a maioria dos países europeus têm um produto interno bruto menor que o brasileiro.

Na Europa, a mortalidade materna tem uma proporção de oito óbitos para cada 100.000 crianças nascidas vivas (Our World in Data). 

Se a mortalidade materna do Brasil fosse semelhante à da Europa, que é de 8 óbitos para cada 100.000nv, então teríamos 206 óbitos para cada ano e seriam evitadas cerca 1.400 mortes maternas por ano.

O Brasil deixa muito a desejar no pré-natal, até mesmo quanto ao número de consultas. Os resultados inaceitáveis da falta de serviços adequados podem ser verificados também nos altos taxas de mortalidade materna. 

No Brasil, há muitas gestantes e seres humanos em formação, ainda intraútero, que não estão sendo cuidados adequadamente.

Para o ano de 2022, o Estado de Santa Catarina é a unidade da Federação com a menor taxa de mortalidade materna, alcançando 29,5 óbitos maternos para 100.000nv. Goiás tem uma mortalidade de 59,1 óbitos maternos para 100.000nv em 2022. Roraima tem o pior desempenho do país em taxa de mortalidade materna, alcançando para o ano de 2022 cerca de 145,1 óbitos maternos para cada 100.000nv. Esses números são inaceitavelmente altos. É preciso uma avaliação seríssima das políticas públicas voltadas à Atenção Primária de Saúde, especialmente às gestantes no País.

Essas últimas taxas de mortalidade materna são extremamente altas para um País que é a 9ª economia do mundo.