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Inundações, natureza e sustentabilidade

Inundações, natureza e sustentabilidade

Tempestades, inundações e secas, os chamados eventos extremos, estão ficando cada vez mais comuns em decorrência das mudanças climáticas. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), esses eventos resultaram em cerca de 15.000 mortes e um prejuízo de mais ou menos US$ 170 bilhões, só em 2020.

  • person Jaqueline Gonçalves do Nascimento
  • schedule 24/01/2022
  • Atualizado em 21/01/2022
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Inundações, natureza e sustentabilidade

 

Marize Faleiro Valtuille de Oliveira*

 

Alguns tipos de eventos climáticos estão se tornando mais extremos, como ondas de calor ou precipitação intensa. Curiosamente, climas mais quentes podem causar precipitações acentuadas, ao mesmo tempo em que desencadeiam secas. Isso acontece porque o calor muito forte aumenta a evaporação, fazendo com que os solos e a vegetação sequem mais rápido quando está mais seco, o que cria uma associação entre ondas de calor e secas. O aquecimento global tem o seu papel nesse aumento das inundações e alagamentos, provocando chuvas mais fortes com uma maior frequência.

 

Desde o final de 2021, o noticiário nacional tem sido dominado por tristes histórias envolvendo enchentes e inundações. Estados como Goiás, Bahia, Tocantins e Maranhão têm sofrido com esses fenômenos — o sul da Bahia passou pela pior enchente dos últimos 35 anos. Barragens rompidas, pontes submersas, estradas desmoronadas, pessoas desabrigadas, animais mortos, desaparecidos, casas inundadas.

 

É necessário realizar a distinção entre enchente e inundação: a enchente ocorre quando há aumento do nível de água de um rio ocasionado por fortes precipitações, mas sem o transbordamento do leito menor do rio; já a inundação ocorre quando o transbordamento d’água se dá para além do leito menor, ocupando o leito maior ou planície fluvial. Portanto a inundação é o fenômeno mais evidente decorrente do povoamento de áreas impróprias da bacia hidrográfica. 

 

É comum que aconteçam enchentes e cheias - o problema é quando os seus desdobramentos afetam cidades e outras áreas de circulação urbana, alagando-as. "As enchentes na prática são os eventos naturais dos rios. Eles sempre enchem nos períodos das chuvas e esvaziam nos períodos das secas", esclarece o arquiteto paisagista Paulo Pellegrino, professor da FAUUSP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo). Desse modo, não é incomum encontrar próximo aos rios as chamadas planícies de inundação, áreas tomadas pela água quando há períodos maiores e mais intensos de chuvas. Isso seria algo corriqueiro se não houvesse construções urbanas ocupando indevidamente esse espaço.

 

A falta de planejamento urbano somada às alterações que o meio sofre em decorrência do uso inadequado do solo constituem ingredientes favoráveis à geração das inundações e, na maioria das vezes, requerem medidas estruturais (obras) onerosas, exigeindo que a administração pública adote medidas corretivas e preventivas, para a minimização e controle dos impactos, que muitas vezes não são feitas.

 

A ocorrência de chuvas intensas e em curtos períodos de tempo, em que são provocadas enchentes e inundações, favorecem por exemplo, a disseminação de doenças como a leptospirose, doenças diarreicas, hepatites virais, cólera, entre outras. Estas doenças são influenciadas pela dinâmica hídrica em seu nível ambiental e, ao mesmo tempo, têm uma forte influência na precariedade de sistemas de saneamento básico das cidades.

 

A conscientização da sociedade é de suma importância para a eficácia de quaisquer medidas preventivas, nesse sentido faz-se necessária a adoção de ações investigativas que permitam encontrar as melhores formas de orientar os residentes destas áreas, tendo como meio de ação a Educação Ambiental.

 

Reduzir impactos negativos por meio da preservação do meio ambiente, da redução da pegada de carbono, da inclusão social e da promoção dos direitos humanos são iniciativas que fazem parte dos pilares da Sustentabilidade.

 

Você, eu, a comunidade, podemos adotar boas práticas como:

  • Não jogar lixo na rua;

Implantação de coleta seletiva auxilia na educação ambiental reduzindo a prática de descarte inadequado.

  • Aumentar áreas permeáveis;

As áreas verdes reduzem a vazão e volume de escoamento da água da chuva, sendo absorvendo a água através da infiltração da chuva na vegetação, dessa forma evitam o risco de saturar a rede de drenagem e os rios e córregos que recebem o escoamento. Quanto mais espaço verde, melhor!

Um solo não pavimentado pode absorver até 90% da água da chuva.

  • Uso de construção com sistemas eficientes de drenagem;

Aplicar técnicas com Soluções Baseadas na Natureza, como poços de infiltração, jardins drenantes.

  • Não ocupar áreas de risco;

Respeitar as margens de rios e fundos de vales, não construir em áreas de encosta de morros.

  • Criação de reservas florestais nas margens dos rios;

Recompor matas ciliares, com preservaçao de nascentes.

  • Diminuição dos índices de poluição e geração de lixo;

Destinar corretamente os resíduos

  • Planejamento urbano mais consistente;

Participar das reuniões públicas que elaboram o plano diretor das cidades

 

 

*Marize Faleiro Valtuille de Oliveira- Engenheira agrônoma, Especialista em Meio Ambiente e Paisagismo, servidora do TCE-GO e membro do Comitê de Sustentabilidade.

 

Fontes:

 

https://www.revistaea.org/pf.php?idartigo=2229

https://allonda.com/blog/o-que-sao-solucoes-baseadas-na-natureza/

https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2021/08/relatorio-ipcc-aquecimento-global-ondas-de-calor-inundacoes-secas-clima

 

 

Dica semanal do Comitê de Sustentabilidade do TCE-GO

Arte: Myrelly Ferreira Galvão -  estagiária do convênio TCE-GO/CIEE/UFG

Inundações, natureza e sustentabilidade
Tempestades, inundações e secas, os chamados eventos extremos, estão ficando cada vez mais comuns em decorrência das mudanças climáticas. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), esses eventos resultaram em cerca de 15.000 mortes e um prejuízo de mais ou menos US$ 170 bilhões, só em 2020.
Por $nomeUsuarioPubli
21/01/2022

Inundações, natureza e sustentabilidade

 

Marize Faleiro Valtuille de Oliveira*

 

Alguns tipos de eventos climáticos estão se tornando mais extremos, como ondas de calor ou precipitação intensa. Curiosamente, climas mais quentes podem causar precipitações acentuadas, ao mesmo tempo em que desencadeiam secas. Isso acontece porque o calor muito forte aumenta a evaporação, fazendo com que os solos e a vegetação sequem mais rápido quando está mais seco, o que cria uma associação entre ondas de calor e secas. O aquecimento global tem o seu papel nesse aumento das inundações e alagamentos, provocando chuvas mais fortes com uma maior frequência.

 

Desde o final de 2021, o noticiário nacional tem sido dominado por tristes histórias envolvendo enchentes e inundações. Estados como Goiás, Bahia, Tocantins e Maranhão têm sofrido com esses fenômenos — o sul da Bahia passou pela pior enchente dos últimos 35 anos. Barragens rompidas, pontes submersas, estradas desmoronadas, pessoas desabrigadas, animais mortos, desaparecidos, casas inundadas.

 

É necessário realizar a distinção entre enchente e inundação: a enchente ocorre quando há aumento do nível de água de um rio ocasionado por fortes precipitações, mas sem o transbordamento do leito menor do rio; já a inundação ocorre quando o transbordamento d’água se dá para além do leito menor, ocupando o leito maior ou planície fluvial. Portanto a inundação é o fenômeno mais evidente decorrente do povoamento de áreas impróprias da bacia hidrográfica. 

 

É comum que aconteçam enchentes e cheias - o problema é quando os seus desdobramentos afetam cidades e outras áreas de circulação urbana, alagando-as. "As enchentes na prática são os eventos naturais dos rios. Eles sempre enchem nos períodos das chuvas e esvaziam nos períodos das secas", esclarece o arquiteto paisagista Paulo Pellegrino, professor da FAUUSP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo). Desse modo, não é incomum encontrar próximo aos rios as chamadas planícies de inundação, áreas tomadas pela água quando há períodos maiores e mais intensos de chuvas. Isso seria algo corriqueiro se não houvesse construções urbanas ocupando indevidamente esse espaço.

 

A falta de planejamento urbano somada às alterações que o meio sofre em decorrência do uso inadequado do solo constituem ingredientes favoráveis à geração das inundações e, na maioria das vezes, requerem medidas estruturais (obras) onerosas, exigeindo que a administração pública adote medidas corretivas e preventivas, para a minimização e controle dos impactos, que muitas vezes não são feitas.

 

A ocorrência de chuvas intensas e em curtos períodos de tempo, em que são provocadas enchentes e inundações, favorecem por exemplo, a disseminação de doenças como a leptospirose, doenças diarreicas, hepatites virais, cólera, entre outras. Estas doenças são influenciadas pela dinâmica hídrica em seu nível ambiental e, ao mesmo tempo, têm uma forte influência na precariedade de sistemas de saneamento básico das cidades.

 

A conscientização da sociedade é de suma importância para a eficácia de quaisquer medidas preventivas, nesse sentido faz-se necessária a adoção de ações investigativas que permitam encontrar as melhores formas de orientar os residentes destas áreas, tendo como meio de ação a Educação Ambiental.

 

Reduzir impactos negativos por meio da preservação do meio ambiente, da redução da pegada de carbono, da inclusão social e da promoção dos direitos humanos são iniciativas que fazem parte dos pilares da Sustentabilidade.

 

Você, eu, a comunidade, podemos adotar boas práticas como:

  • Não jogar lixo na rua;

Implantação de coleta seletiva auxilia na educação ambiental reduzindo a prática de descarte inadequado.

  • Aumentar áreas permeáveis;

As áreas verdes reduzem a vazão e volume de escoamento da água da chuva, sendo absorvendo a água através da infiltração da chuva na vegetação, dessa forma evitam o risco de saturar a rede de drenagem e os rios e córregos que recebem o escoamento. Quanto mais espaço verde, melhor!

Um solo não pavimentado pode absorver até 90% da água da chuva.

  • Uso de construção com sistemas eficientes de drenagem;

Aplicar técnicas com Soluções Baseadas na Natureza, como poços de infiltração, jardins drenantes.

  • Não ocupar áreas de risco;

Respeitar as margens de rios e fundos de vales, não construir em áreas de encosta de morros.

  • Criação de reservas florestais nas margens dos rios;

Recompor matas ciliares, com preservaçao de nascentes.

  • Diminuição dos índices de poluição e geração de lixo;

Destinar corretamente os resíduos

  • Planejamento urbano mais consistente;

Participar das reuniões públicas que elaboram o plano diretor das cidades

 

 

*Marize Faleiro Valtuille de Oliveira- Engenheira agrônoma, Especialista em Meio Ambiente e Paisagismo, servidora do TCE-GO e membro do Comitê de Sustentabilidade.

 

Fontes:

 

https://www.revistaea.org/pf.php?idartigo=2229

https://allonda.com/blog/o-que-sao-solucoes-baseadas-na-natureza/

https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2021/08/relatorio-ipcc-aquecimento-global-ondas-de-calor-inundacoes-secas-clima

 

 

Dica semanal do Comitê de Sustentabilidade do TCE-GO

Arte: Myrelly Ferreira Galvão -  estagiária do convênio TCE-GO/CIEE/UFG